Perguntaram à minha mãe: “Como está a tua filha? Tenho acompanhado nas redes sociais. Mas como é que ela está realmente?”
Uma parte de mim ainda fica à espera que vocês acordem, não sei se sabem mas são oito horas de espera. Não é que faça muita diferença mas é importante para mim saber que vocês já estão todos acordados. E ainda leio os jornais todos os dias, pelo menos o Expresso, por isso quando vocês me dizem: “nem imaginas como isto está”… imagino. Imagino e sei.
Por aqui, na Indonésia, os insectos são um problema, e por vezes salto refeições por estar demasiado agoniada. Só isso, sem mais dramas, porque são tantos e de tantas famílias que se dermos demasiada importância tornam-se o centro do nosso mundo e isso nem pensar!
Estamos quase vegetarianas.
(Mas mãe não fique demasiado feliz com esta notícia porque ainda não é por convicção)
Felizmente, talvez pelo elevado preço da carne que vem da Austrália, em Bali as opções de alimentação sem proteína animal são tão boas que quase que é fácil. Temos lido e aprendido bastante nesta matéria e acredito que quando voltarmos a estar num cidade com talhos e peixarias formidáveis faremos uma alimentação mais sensata e equilibrada.
Afinal não vamos ter uma casa, tomámos essa decisão na semana passada. Só que hoje voltei a entrar numa agência imobiliária e voltei a ver o dossier com as villas de sonho, com preços que só se justificariam se por cá ficássemos a viver. Ainda estou indecisa com este assunto. E com tantos outros.
Se tenho saudades? Imensas, de cinco pessoas. Às vezes dói. Algumas outras fazem-me falta, mas não tanta porque há muito que nos habituámos a preencher as distâncias com longas conversas.
É difícil controlar o desejo de planear a vida. Estou razoavelmente tranquila mas não deixo de projectar cenários para daqui a uns meses … o que tento contrariar a todo o custo porque ainda agora começámos e não quero ter a pretensão de que descobrimos o tesouro no primeiro calhau em que tropeçámos.
Então como é que eu estou? Estou em transição, mais acordada do que nunca. A reconstruir-me num caminho que escolhi com a minha filha, e bons amigos quase sempre por perto. Embora pareça tudo muito complexo, estou feliz… e muitas vezes alegre.