Acordo, visto uns calções, enfio os chinelos que estão sempre na porta contrária à que eu preciso, e vou destrancar o portão. Os homens das obras, a senhora dos cocos, a senhora da lavandaria, a senhora da eletricidade, o pessoal do lixo, o jardineiro ou o homem que cuida da piscina, o homem do fogging, um deles vai chegar a qualquer momento e o portão tem de estar aberto.
Aleijámo-nos, ficámos doentes, sofremos com saudades da família mais próxima, dos sobrinhos pequeninos e dos amigos que estão tão longe. Aqui o dia está sempre bonito, mesmo com o céu carregadinho de chuva. Abro as janelas e as portadas todas da casa, olho lá para fora e nem acredito que o fizemos, que a temos e que está tão bonita.
Há sempre coisas para tratar, mas aparece sempre alguém para ajudar. E os almoços, os jantares e o por do sol com os amigos… é tudo tão especial.
Sem planos, chegámos a Bali em Outubro. Fizeram-me e ainda me fazem muitas perguntas sobre os nossos caminhos mas para poucas tenho resposta. E fomos ficando. Um amigo de sempre precisou de uma sócia e investi numa casa. Ele voltou para Portugal, nós acabámos as obras e decorámos a casa. Os abstratos dois meses que julgámos ser um tempo bom para aqui estar cresceram para quase seis. Cresceram também as amizades que aqui fizemos, e isso prende. A nossa casa está pronta, ou quase pronta para poder ser partilhada e nós estamos prontas para o que vier a seguir. Seja o que for, para mim é altura de voltar a trabalhar.
Agora para onde vamos? Para onde houver trabalho e emoção, ou o contrário em primeiro lugar. A vida aqui não é dura, mas se calhar é altura de voltar aos sapatos. Ou não, logo se vê. Posso só precisar de chinelos novos.