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14 Março 2016

Adolescente sem glúten

Descobri há dois anos que sou intolerante ao glúten. No início foi um desespero e é uma seca…aliás, encontrar um pão saboroso ou uma lasanha que não sabe a plástico ainda é um enorme desafio.

Comer na escola era impossível! Há sempre um molho contaminado em cima da carne ou do peixe, uma farinha dentro da sopa para a engrossar (ou isso ou batatas, que apesar de não me fazerem mal são dispensáveis), uma sobremesa com um aspecto pouco saudável ou umas maçãs amassadas pelos alunos que nelas mexeram à procura da mais bonita.

Almoçar no Pingo Doce  – onde vão quase todos do meu antigo liceu – em dias de aulas era outra aventura: Uma salada não temperada? Uma garrafa de água? Uns camarões congelados? Talvez se misturar um sumo de laranja, uma cenoura e uns brócolos não fique com fome… Isto, enquanto via os meus colegas com croissants, hamburguers e outras sabores de ficar com inveja.

Fui me habituando com o passar do tempo, no inicio foi bastante difícil. Imaginar que nunca mais poderia comer certas coisas era terrível. Nesse aspecto, melhorou muito a minha vida desde que vim para Bali. Aqui há opções sem glúten em quase todos os restaurantes e pastelarias. Em Portugal havia algumas coisinhas pouco interessantes e cheias de açúcar no Celeiro. Cada dentada era uma passo para uma vida não saudável, além de que as pessoas ainda vêm a dieta isenta de glúten como uma moda. Em Bali, pelo contrario, há uma grande consciência de que uma boa alimentação é tão importante como dormir bem todos os dias.

Mas nem sempre é tudo tão fácil. Há, muitas vezes, o problema da língua. Não me entendem bem, dizem que é sem glúten e depois fico mal porque afinal continha uns vestígios, os molhos que eu peço para tirarem mas que trazem sempre na mesma e as compras de supermercado que temos de fazer por etapas. O pão, por exemplo, compra-se numa loja a vinte minutos do supermercado. Noutra loja também distante encontramos os leites de soja sem açucar, e por aí…

Os acidentes alimentares às vezes não têm glúten mas são picantes. No dia em que estávamos de partida para Singapura pela primeira vez, comprámos uma comida num warung que, como sempre, pedimos sem picante. O problema é que tudo o que não seja acrescentado no momento de compra eles consideram que não tem tempero nenhum e deram-nos uma comida que assim que mastigámos sentimos todo o corpo a queimar. Eu, fiquei com o esófago queimado durante dias e dias e na farmácia não estranharam nada. É comum e têm o medicamento sempre à mão…

Não adorei Singapura…houve momentos engraçados mas foi muito frustrante não encontrar nada que eu pudesse comer. A minha salvação foram uns brownies glúten-free que encontrámos “ali ao lado” (dez horas de viagem de autocarro) no Starbucks de Kuala Lumpur, Malásia.

Da segunda vez que lá fomos já adorei (temos de sair da indonésia de dois em dois meses por causa dos vistos). Fomos só três dias, gostava que tivéssemos ficado mais tempo. Tinha tantas saudades de andar em passeios, de ruas limpinhas, de perder a cabeça num shopping e ouvir pessoas a falar um bom inglês.

Na última noite fomos jantar a um restaurante português, o BOCA. Foi fantástico olhar para um menú e perceber imediatamente os alimentos que não são meus inimigos. Queria trazer tudo comigo para Bali. Pedimos amêijoas, Arroz de Polvo e Polvo á Lagareiro. Estava muito bom! Foi como voltar a Portugal e tantas eram as saudades que larguei uma lágrima ou duas enquanto me deliciava com aquele jantar maravilhoso.

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