Chegadas a Lombok – mais uma das fabulosas ilhas da Indonésia que consta daquelas listas que nos diz onde não podemos deixar de ir em tempo de vida – pegámos nas bicicletas cedidas pelo hotel e fomos em direção à vila mais próxima.
Um taxista aponta para trás de mim, olho e não vejo a Maria. Volto para trás e a duzentos metros pessoas caídas e grande confusão. Aproximo-me em pânico a tentar perceber.
Menos mal: A Maria está em pé, ainda na bicicleta. Rodeada de gente, uma mota caída e duas raparigas estão agora sentadas no passeio. Uma chora. Uma pequena multidão grita com a Maria:
– Money!! She needs hospital. Look what you did.
A que chora, aponta para a Maria a incriminá-la, enquanto chora como se estivesse num relvado à espera que o arbitro marque falta. Elas que sairam disparadas de um parque de estacionamento para a estrada, travaram e derraparam em frente da bicicleta que seguia na estrada. Nem se tocaram mas a culpa é da estrangeira, que é a minha menor.
Filha para o lado, agora tomo eu conta. Leis de condução são praticamente iguais em todo o mundo. Pego no telefone:
– Vamos resolver isto sim, com a policia.
E NÃO ENERVEM MAIS A MINHA FILHA!
Em segundos, as dores da rapariga passaram, as lágrimas secaram, e as pessoas ficaram do nosso lado.
– Vocês têm razão. Elas estão de mota, vão sempre perder (…).
Diz um, dos que segundos antes dizia que ela era culpada e tinha de pagar.
As raparigas pegaram na mota e desapareceram. Toda a gente se afastou a pedir desculpa. Acabou tão rápido como começou.
Agora…. que sabemos que somos mesmo estrangeiras, vamos ter coragem de voltar às duas rodas?
(No pequeno porto de Gili Air à espera do barco para Lombok)