Minhas queridas M & M,
Estive no Butão. Um país conhecido pelo Reino da Felicidade e o último Shangri-La. Como não me sentir atraída por um destino com estes atributos? Mais…70% são florestas, toda a agricultura é biológica e a pegada de carbono é…negativa!
Quando um bom amigo me disse: – vou levar um grupo ao Butão; não pensei duas vezes. Eu vou. E a verdade é que foi muito melhor do que poderia imaginar nos meus sonhos mais felizes.
Mal aterrámos em Paro – o Butão é o único país em que a capital, Thimpu, não tem aeroporto internacional – deParo-me com um edifício colorido, em pagode, ladeado por montanhas e rios. Um aeroporto a céu aberto, em que o betão não nos limita o olhar. É esta a porta de entrada no Butão.
No aeroporto, a troca de dinheiro para Nagasakis (o nome é outro, mas adoptámos logo a simplicidade); sobre a mesa, apenas uma calculadora, papel químico e uma gaveta com dinheiro. Sem cofres. Os fumadores dirigem-se aos serviços alfandegários para pagar uma taxa sobre cada cigarro que levam. Sim, no Butão não se pode fumar em ,locais públicos, outro atributo deste enclave entre gigantes – Índia e a China – pequeno no tamanho, enorme em ensinamentos.
Em todo o lado, imagens do Rei e da Rainha, profundamente amados pelos 700 mil butaneses, e que a 5 de Fevereiro, os presentearam com o ‘Príncipe Dragão’, nascimento auspicioso celebrado através da plantação de 110 mil árvores.
Aterrei e respirei. Não superficialmente, mas profundamente. Ar puro e maduro, o de um povo milenar que aprendeu a preservar o ambiente, a cultura e a tradição. E partilha com os visitantes, de braços abertos, sob os gho e khira, os trajes tradicionais orgulhosamente vestidos por todos. Entrámos nas carrinhas e os nossos guias, Leki e Taeshee, ensinaram-nos as palavras essenciais no Butão: Bom dia (Kuzuzangmpola), Obrigada (Kardentche-la) e Parabéns (upppssss!). E começámos a viagem interior. Aquela em que aprendemos que a Felicidade não depende das circunstâncias, mas da atitude. É possível estar alegre ou triste, e ser Feliz.
Há um ano estava de cama, como sabem. Andava com dificuldade. No Butão, subi ao Ninho do Tigre, o mosteiro emblemático cravado na encosta para onde Guru Rinpoche voou sob o dorso de uma tigresa no século VIII para levar o Budismo à região. Medo, serendipidade, resiliência, coragem, cumplicidade foram os ingredientes que me levaram ao topo. O destino é redundante em relação ao caminho. A montanha é uma ponte entre a Terra e o Céu. Fonte de tranquilidade e paz de espírito. Sinto-me profundamente grata pela oportunidade de ter levado a cabo esta peregrinação. Por ter conhecido este país e este povo. Na próxima carta, conto mais. É um privilégio fechar os olhos e regressar nem que sejam por instantes.
Segue uma TEDTalk com o Primeiro Ministro do Butão.
Beijo nesses corações de viajantes e conquistadoras,
Mariana