Lisboa, 29 de Dezembro de 2015
Carta da Mariana
Vejo que tiveram um Natal sem presentes*; apenas com troca de vivências, experiências, culturas e quiçá costuras (aproveitaram para remendar os buracos à roupa uns dos outros, aquela bem aviada pelas lavandarias balinesas? Seria uma troca bem Presente; “costuras por culturas”).
Adiante. Será toda esta agitação o resultado do ouro, incenso e mirra oferecida ao Menino? Será que o Menino gostaria que o primeiro pensamento de Natal fosse: presentes, prendas, ofertas e oferendas? Não. (Para mim) o Natal é Presépio, antes da visita dos Reis Magos. E Presépio é Família. A de origem ou a que escolhemos para a partilha. Ou aquela com que nos cruzamos pelo empedrado da vida, não fossem os caminhos menos percorridos entroncar em sinais que nos levam às pessoas certas nas alturas certas. Acredito que o vosso Natal tenha sido absolutamente essencial. Hei-de viver um Natal assim. Com saudade, sim, mas singularmente presente.
Acabo com uma reflexão: e se em vez de ouro, incenso e mirra, os Reis tivessem oferecido cocos ao Menino – como o vosso “padeiro”? Esse bem tão essencial como a água ou o alimento, em vez de luxos e adornos? O centro passaria a ser tão-só a presença e a ceia de Natal como o maior presente? A melhor dádiva? Os Reis tornar-se-iam “apenas” Magos?
Segue a carta de Dezembro, pensadora e pensativa. E, falando em Mago, porque o Natal é também magia, gostaria de ser o Harry Potter e enviar-vos esta carta gritadora, através da minha coruja Beatrix.
Beijinhos de poções e varinhas,
Mariana
*referência à publicação “Esta Festa é Nossa“