Desde que cheguei que oiço alguém falar do Detox que está a fazer, mas a ideia de não comer nada e só beber sumos durante uns tantos dias estava fora de questão. Até que da última vez que estive no Canggu Club, de todas as pessoas com quem me cruzei, eu era a única que nunca o fez. Tentei argumentar com quem me convencia de que fico com dores de estômago se ficar muitas horas sem comer ao que me responderam:
– Mais uma razão para o fazeres!
Seguido de imensas informações alcalinas, e de equilibrio e limpeza. Segundo me disseram o tal do juice cleaning até isso pode tratar. Estava sem saída e, numa tentativa da escapar, disse-lhes, que iria tentar. Não me correu bem. “Vou tentar” não chega, segundo elas, com essa atitude iria falhar. Precisava de me comprometer… Senti-me sem saída e quase a achar graça ao desafio:
-Pronto, não se fala mais nisso! Eu quero muito fazer Juice Cleaning durante cinco dias.
Cinco dias inteiros e cinco noites. Gulp.
Assim, todos os dias às 7:30 recebi em casa os sumos, lindos e cheios de vitaminas de todas as cores, numerados para sabermos a ordem com que os devemos beber. Sete garrafinhas por dia, chá e água de coco para complementar. Mais nada.
O primeiro dia foi só estranho e não me custou horrores apesar de ter tido um dia bastante agitado, o que não é aconselhável mas funcionou bem para mim. Sempre ocupada não tive de me esforçar muito para fugir das tentações. É mesmo uma questão de mentalização e ter tudo preparado facilita imenso.
Ao segundo dia, disse-lhes que me sentia bem mas que à mesma tinha fome:
– É normal e não tem problema.
Está bem, se é normal, estou com energia e nada me doi, aguento.
Ao terceiro dia comecei a ficar burra. Fisicamente bem, mas o cérebro muito lento. Julgo que não é recomendável trabalhar muito e dormir pouco durante um detox. Todos os dias de manhã, quase em simultâneo com a entrega dos sumos, recebi um email motivador, que incluía sugestões de actividades que podia fazer para o meu bem estar, mas eu não tive tempo para me dedicar aos SPA´s.
Durante o quarto e quinto dia, negociar em inglês tornou-se um problema, já que estava ainda mais lenta e o meu cérebro não processava a informação. A um ponto que me disseram um valor, e repetiram, e eu pedi para repetir outra vez e mesmo assim tive de escrever a confirmar se estávamos a falar do mesmo número. Ter essa percepção é um pouco perturbante e um bocadinho humilhante até, mas achei melhor não me justificar. Isto passa-me.
Na noite do último dia fui jantar com uns amigos que me iam fazendo perguntas sobre a experiência, enquanto mastigavam. Eles comiam e eu bebia chá de combucha. Não dá para disfarçar que não estava a adorar a experiência, mas não me meto nas coisas para falhar.
Sexto dia de manhã: um pequeno almoço delicioso de frutas e granola do Nalu Bowls, que a Isabelle comprou e mandou entregar em minha casa. Ter bons amigos é uma benção. E agora que terminei, e apesar do tom de reclamação que esta descrição pode ter, custa-me um pouco a admitir mas sinto-me muito bem e estou com muita vontade de o fazer um dia por semana.
(Atenção, que um programa destes só deve ser iniciado após consulta e aconselhamento com um nutricionista e/ou um médico)